sábado, 15 de maio de 2010

always

tu és assim uma espécie de miúdo capaz de grandes tropelias que esconde a idade atrás da beleza que nunca perdeste, apesar de todas as marcas que vais herdando dos dias. a infância guardada numa caixa perdida debaixo da cama, a adolescência dos copos e das drogas leves e a vontade de sair de casa e abraçar o mundo.
começas a crescer, e todas as manhãs em frente ao espelho, perguntas à tua imagem quem és tu afinal. vives numa cidade que no fundo não conheces. nem tu nem ninguém. vives dentro de uma casa pequena demais para os teus sonhos que acabam por se dissolver. tal como perdeste uma ou duas mulheres que não soubeste ou não quiseste amar da forma certa. voltas a olhar para a tua imagem e perguntas, vendo um homem mais baixo, menos belo e menos inteligente, se essa mulher já passou pela tua distracção ou se ainda está para vir. imaginas a sua chegada. ao espelho, onde vês o reflexo do miúdo que és e o homem que gostarias de ser, desejas que essa mulher chegue. mas não demasiado cedo para te assustar, nem demasiado tarde porque pode aparecer outra e tu, convencido de que essa é a mulher da tua vida e não eu, deixas-te ir. aquilo que tu não sabes, é que do outro lado do espelho, eu estou a vigiar-te. mas ainda é demasiado cedo. ainda é tempo de guardar no silêncio a vontade de te querer. ainda é cedo. é de manhã. e como eu estou adiantada na tua vida, fico à tua espera bem longe para que não me vejas e fico à espera que um dia saltes para o outro lado da tua vida e sejas quem sempre sonhaste ser.

I love you

sábado, 1 de maio de 2010

porque sim, porque não

"porque sempre que tu chegas paras o tempo, os ponteiros têm medo de continuar a andar, por isso imobilizam-se, suspensos pelo fio da eternidade, à espera que tu saias e os deixes continuar a dar sempre a mesma volta, fechados dentro do relógio e deve ser por isso que se queixam, tic-tac,tic-tac, quem sabe, à espera que um dia alguém lhes abra o vidro e lhes resgate a liberdade, com a mesma doçura com que abres as portas do meu coração, quando entras, no fim dos dias compridos que morrem à tua chegada."